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Infância interrompida : os perigos do sedentarismo em crianças

Novo Atlas Mundial da Obesidade revelou que cerca de 750 milhões de jovens entre 5 e 19 anos sofrerão com sobrepeso até 2035

O novo Atlas Mundial da Obesidade revelou que cerca de 750 milhões de jovens entre 5 e 19 anos sofrerão com sobrepeso e obesidade até 2035. O estudo produzido pela Federação Mundial de Obesidade e traduzido pelo Instituto Cordial/Painel Brasileiro da Obesidade (PBO) aponta que, diante de níveis tão elevados, o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) em crianças e adolescentes será maior, ocasionando um aumento no  número de mortes prematuras.

A Dra. Flávia Magalhães, médica e nutricionista, especialista em gestão de saúde e performance de atletas, destaca que a obesidade é um problema de saúde pública, uma doença multifatorial grave, que desencadeia no indivíduo um processo inflamatório complexo. “Quando detectada em crianças e jovens, pode ser ainda mais grave, pois é quando os hábitos que guiarão o indivíduo são formados. Pode ser descoberta por meio de uma boa anamnese e exames físicos, levando em consideração parâmetros avaliados na infância, como o percentual de peso e estatura. Crianças com percentis acima de 120 já são diagnosticadas como obesas. Ou seja, o peso está 20% acima do que é estimado para pessoas desta faixa etária”, explica.

No Brasil, a situação também é alarmante. Segundo a pesquisa do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), realizada no ano passado pela Fiocruz/Unifase, entre os anos de 2019 e 2021, o número de crianças com sobrepeso e obesidade cresceu 6,08% entre crianças de até 5 anos e 17,2% entre jovens entre 10 e 18 anos.  

O mesmo estudo apontou, em 2022, que uma em cada dez  crianças sofria com a doença. O mesmo ocorreu com um em cada três adolescentes . O levantamento divulgou que 14,2%  dos indivíduos com idade  de até cinco anos estavam com excesso de peso. Enquanto 31,2% estavam sofrendo com sobrepeso ou obesidade, entre os jovens em fase pubescente. Se comparado com outros países, o Brasil possui quase três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global: 5,6% naquele ano. Ainda em relação aos jovens , o cenário é  pior, com 18,2% de brasileiros com sobrepeso, quase o dobro da média global. 

O estilo de vida influencia diretamente no desenvolvimento da doença, e  a pandemia de COVID-19 potencializou um comportamento já habitual  de uma geração que passa grande parte do  tempo na frente de  computadores, smartphones, tablets e de videogames, em vez  de praticar alguma atividade física. A preocupação é tão grande que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu uma nota, em setembro do ano passado, sobre os riscos do “analfabetismo físico”, termo que caracteriza a inatividade  de crianças e jovens ao  executarem movimentos  básicos  como correr, pular, arremessar, se equilibrar e se coordenar .

“Quanto mais sedentárias, maiores as chances de a obesidade surgir precocemente, podendo permanecer até a fase adulta. Conforme estudos, 80% das pessoas que se encontram com sobrepeso ou estão obesas desenvolveram a doença quando jovens. Além disso, são maiores as chances de desenvolver doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial, ovário policístico e esteatose hepática”, enfatiza a especialista.

Renato Loffi, fisioterapeuta neurofuncional e CEO da Treinitec, empresa de tecnologia assistiva, aproveita para ressaltar que o sedentarismo em crianças portadoras de deficiência pode resultar em problemas graves, como crescimento ósseo desproporcional e limitações motoras: “Cada vez que temos um nível de atividade positivo, isso traz uma importante remodelação tecidual. Nosso tecido é moldado pelo uso, pelo desuso e pelo uso excessivo. Uma criança com paralisia cerebral, por exemplo, tem um tendão grande, um osso relativamente do tamanho esperado, mas uma parte muito pequena da estrutura muscular, que não gera força. Isso leva a um processo de constante remodelação tecidual. Portanto, a prática de atividades físicas contribui para o bem-estar emocional, social e sensorial dessas crianças, proporcionando desenvolvimento integral”.

De acordo com estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 81% dos jovens entre 11 e 17 anos são insuficientemente ativos. Um cenário perturbador, tendo em vista que o Atlas Mundial da Obesidade estima que, até 2035, 68 milhões de crianças sofrerão de pressão arterial alta; cerca de 27 milhões viverão com hiperglicemia; e 76 milhões terão baixos níveis de colesterol HDL, todas como consequências do IMC elevado. 

Para Alessandro Tomazelli, CEO da Cia do Tomate, empresa de recreação infantil, levar crianças e jovens para atividades recreativas é uma prática essencial para o desenvolvimento motor e mental: “A realização da atividade física e do próprio brincar não pode vir como uma obrigação. Vivemos em uma sociedade em que o acesso à  tecnologia é fácil e ágil, e o tempo conectado está aumentando entre as crianças e adolescentes. É necessário que as atividades recreativas venham como um momento de relaxamento e conectividade, para que assim elas possam expandir habilidades cognitivas, sociais e criativas. Fatores essenciais para a construção do crescimento físico e intelectual”.

Combater a obesidade e o sedentarismo infantil é necessário para interromper um futuro preocupante. O incentivo à atividade física não apenas contribui para uma infância e adolescência mais leves e completas, como também as auxiliam  a ter um estado mental mais saudável. 

“Servimos de exemplo para os mais jovens, por isso menos tempo de tela e mais atividade física é a regra primordial para vermos crianças e adolescentes mais ativos. Além disso, o consumo de alimentos menos industrializados é essencial, assim como introduzir frutas e verduras, com o foco em tornar a alimentação mais saudável. Por fim, conversar também faz parte do processo: explique sobre hábitos saudáveis e os coloque em prática de uma forma leve e consciente no cotidiano”, indica a Dra. Flávia.

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