Dias atrás surgiu uma foto na internet com uma história emocionalmente traumática. A foto foi tirada em um metrô russo e nela tinha uma mulher jovem carregando uma mochila de aplicativo de entregas nas costas e com uma criança de colo nos braços e outra criança pequena por perto. A mulher da foto seria mãe das duas crianças e supostamente estaria fazendo entregas com as crianças porque não teria com quem deixá-las. Segundo a mãe, o pai das crianças passa o dia todo jogando videogame e ela não acha seguro deixar seus filhos aos cuidados dele. Vi a foto e comentários em várias redes sociais de perfis de mulheres e homens com influência digital. As postagens descreviam a foto e o contexto que foi tirada e em seguida emitiam alguma opinião pessoal para trazer alguma reflexão sobre a imagem. Na maioria as opiniões pessoais giravam em enaltecer a força da mãe, praticamente solo, ao superar os obstáculos para buscar condições de vida para seus filhos. Justíssimo. Essa mãe tem um altíssimo grau de abnegação e força de vontade que somente descobrimos depois do nascimento de nosso filho. Nesses textos ela era elevada a um grau de “super mãe”. As postagens diziam que a sociedade deveria apoiar as mães que se encontram sem apoio como a mostrada na foto. Mais uma vez justíssimo. Mas será que ela deveria ser uma “super mãe”? Na verdade, será que alguma mulher quer o título de “super mãe”? Porque com esse título vem as noites sozinhas em claro, o gerenciamento de despesas sozinha, cuidar da casa sozinha, enfrentar as fases da adolescência sozinha… Será que não há ninguém com quem possa dividir? O pai talvez? Sim, exatamente ele. Porque não podemos mudar o foco e investir também no pai. Já passou o tempo de jogar a responsabilidade toda para mãe e renegar o poder que um pai presente tem. De acordo com CENSUS BUREAU dos Estados Unidos entre as crianças que vivem na pobreza 44% delas só viviam com a mãe. Vamos trazer esse pai para assumir seu papel. Pesquisa feita pelo Departamento de Educação dos estados Unidos afirmam que crianças com envolvimento dos pais tem 43% a mais de tirar notas A. Vamos inserir ele em programas sociais com ajuda de psicólogos e em busca de uma realocação no mercado de trabalho. Quando eu escuto um discurso enaltecendo uma mãe solo logo penso em como seria para ela tirar esse título dos ombros e ter alguém para dividir as tarefas de forma igual. Imagine o quanto a vida dessa mãe seria diferente. Que tal virarmos a chave e colocar o pai nessa jogada? Dessa vez não somente como forma de criticar, mas fazer dele uma parte da solução. A mudança do mundo começa pela família. Talvez você esteja pensando que para alguns homens isso nunca acontecerá. Você pode estar certa, mas nunca saberá a verdade sem tentar. Dias após a foto ser divulgada apareceram boatos de que a mulher estaria sendo acusada de fraude, pois já tinha feito algo semelhante um tempo atrás.
Sobre Paulo Eldar:
Paulo Eldar é pai de dois meninos, casado, criador do perfil @somentepai no IG, onde fala sobre paternidade, os desafios e papel do pai na sociedade moderna, além de trazer reflexões sobre o comportamento do homem na sociedade.
